Se a costura fosse tão simples, você andaria nua!

COSTURA: O que você sabe sobre essa evolução da humanidade? Fique à vontade que eu vou te contar uma história!

Há muito tempo atrás… Bem, não existe uma data exata de quando nossos amigos pré-históricos adquiriram o hábito de se vestir, ou ainda, costurar o que iam usar para cobrir o corpo.

O fato é que as primeiras representações do que seriam hoje, as nossas amadas e conhecidas roupas, foram feitas de pele animal, como um urso, um tigre ou um lobo, por exemplo.

Nas regiões de clima mais frio, os animais possuem uma pelagem mais espessa, portanto mais quentinha e resistente às mais baixas temperaturas.

A fim de sobreviver aos períodos congelantes, a prática de se cobrir, apareceu primordialmente como forma de abrigo e de proteção, portanto uma questão de sobrevivência. E assim surgiu o costume de cobrir o corpo.

Surpreendentemente, o preparo dessas peles eram bem simples. Bastava retirar a pele da carcaça do animal, limpar e fazer os cortes para cobrir a cabeça e os braços.

Ao longo do tempo surgiram as primeiras representações de agulhas, ou projetos de agulhas. Feitas de ossos ou de marfim, é o que poderíamos chamar de “o mais próximo” que temos das agulhas convencionais de hoje em dia: A agulha de ferro.

A necessidade de se vestir

Em uma escala de 0 a 10, o quanto você suporta um friozinho?

Confesso que o frio é bom, quando você está em casa tomando uma xícara de café ou um chocolate quente, mas sair na rua em época de frio, não é exatamente a coisa mais agradável do mundo.

Segurando esse raciocínio, é fácil chegar à conclusão de que o pessoal das antigas, no caso antes da “era do gelo”, usava roupas com um único objetivo: Se proteger do frio e não congelar os pés a noite.

A galera que mora mais para sul sabe bem como é a situação, bate um ventinho e o pé já fica azul.

Então era uma questão de sobrevivência. Por exemplo, os índios das regiões tropicais não usavam roupas, não havia essa necessidade natural.

Mas então, por que cobrimos o corpo em qualquer ambiente?

O jogo de peças vira, com o surgimento das civilizações e sociedades que pensavam de uma forma mais voltada para o coletivo. Foi nessa época que começaram a dar importância para o valor da moralidade como um pilar da vida.

Havia uma visão de que andar despido nas estradas da Europa, seria algo muito estranho, ou que um Faraó em seu palácio completamente pelado, não passaria uma boa demonstração de poder e imponência.

Dessa forma, se vestir passou de uma busca pela sobrevivência para um costume social, envolvendo as tradições, a política e a religião de um povo.

a essência da costura

Também sabemos que a origem da palavra “costura” veio do latim “sartorius, de sartor” que significa “aquele que remenda, remendão”.

E é justamente essa a essência da costura. Estilistas geniais, pegam retalhos e transformam em belíssimos e elegantes trajes de roupas.

Lembrando que, retalho não é necessariamente algo sobrando no canto. Não sei se isso acontece somente comigo, mas algumas vezes que escuto essa palavra “retalho” me vem à mente um tecido “carecido”, “pobrinho”, mas sabe? Não é bem assim! Retalho simplesmente significa fração, pedaço e fragmento de tecido, e que juntos formam uma peça estilosa.

Levando esse conceito para mundo fashion, podemos pensar nas peças bicolores. Um retalho de tecido de cor branca dos ombros até a metade do braço e outra cor azul ciano pelo restante da manga, são detalhes assim que valorizam a peça!

A máquina de costura

Você sabia que a máquina de costura, foi menosprezada e assim, correu grande risco de nunca ter sido inventada? 

Pois é, seria uma tragédia com direito a um filme dramático, por que haja mão de ferro para costurar uma calça jeans só na agulha.

Pra você ter noção, a primeira ideia sobre levar a produção de roupas a uma larga escala, foi até mesmo motivo de chacota.

O marceneiro inglês Thomas Saint, foi criticado por apresentar um projeto que literalmente mudaria o mundo: A máquina de costura.

E por mais absurdo que isso pareça hoje, para alguns críticos da época, a máquina de costura nunca seria inventada de fato. Eles afirmaram que aquela ideia era apenas aquilo, uma ideia “boba”.

Os EUA estavam em processo da Primeira Revolução Industrial e a demanda de roupas, se tornava cada vez maior. Mesmo assim, foi uma tentativa falha e por uma causa econômica, a máquina de Saint não era eficiente de fato.

Okay, o projeto não foi aprovad, mas quem disse que pararam de tentar? Nunca jamais! Ademais, a sementinha da ideia, já havia sido espalhada pelo mundo. Em todas as partes, algum gênio estava trabalhando para desenvolver o projeto.

Porém quem nos proporcionou uma máquina de costura que fosse realmente utilizável, depois de várias tentativas falhas, em vários países, foi o inventor Josef Madersperger.

Logo em seguida, o Reverendo John Adams Dodge, surgiu com a primeira máquina americana.

Já Barthelemy Thimmonier, foi o pioneiro as máquinas em grande escala, que inclusive eram máquinas de costura bem pesadas e de difícil acesso devido ao preço.

O legado da máquina de costura Singer

O nome que marcou a história das máquinas aliadas das costureiras, foi o Isaac Merrit Singer, “Singer” sentiu o peso? Do nome, não da máquina?

Eu duvido que se você teve algum contato com a moda por uma pessoa mais experiente, e ela já não tenha te falado “Singer é a melhor máquina de costura de todas”.

Agora voltando a história…

O Mecânico, ator e inventor Isaac, na verdade não “inventou” uma máquina do zero, mas ele inventou a revolução do maquinário de costura.

Em 1850 ele fez uma visita a oficina de Orson Phelps, e teve seu primeiro contato com uma máquina de costura, que ainda estava progredindo gradativamente.

Analisou peças, funções, óleo e foi sugerindo possíveis mudanças para que o desempenho se tornasse ainda melhor. E em apenas 11 dias de trabalho, essa foi reconhecida como a primeira máquina de costura realmente eficiente.

Em 1951 Isaac Merrit Singer adquiriu a patente Singer, que até nos dias de hoje, impacta a vida de muitas pessoas.

O real valor da máquina de costura

Okay, passamos pela história da época da tataravó do Sidy no filme “Era do Gelo”.

Mas o que tudo isso sobre pele de urso gigante, tem haver com a sua escritora de hoje, euzinha, que está de moletom e shorts escrevendo esse texto pra vocês?

Tudo! Sem brincadeira, tudo mesmo. O seu e o meu guarda roupa inteiro, é formado por necessidades culturais de civilizações pré históricas, vivenciadas em incontáveis situações.

Estilistas da Antártida irão fazer uma coleção de inverno, que para nós aqui do Brasil, só serão usadas quando o sol desaparecer e o fim do mundo estiver próximo.

Estilistas brasileiros vão montar uma coleção inteira, com a maior economia de tecido possível e com todas as estampas que existem e as que ainda não, abusando de cores extravagantes e alegres.

Tudo isso tem haver com a cultura e afins, e mais do que isso, é um “motor do comércio mundial”!! 

A moda movimenta bilhões e bilhões todos os anos, e esse dinheiro circula nas mãos de profissionais da costura, estilistas, alfaiates, fornecedores de tecido, vendedores, etc, e com toda certeza, de alguns dedos furados pela agulha.

A COSTURA É UMA ARTE E TAMBÉM UM NEGÓCIO

E esse negócio multimilionário está cravado na cultura do mundo todo, desde que surgiu o dinheiro em moedas de prata e ouro, ou até mesmo antes disso, quando ainda se trocavam coisas e adivinha? A pele de animal costumava ser um negócio muito lucrativo.

Na idade média, na época da revolução industrial e em pleno século 21, mulheres e homens sentados em máquinas de costura sustentam famílias inteiras e aprimoram um pilar essencial para a nossa existência.

Hoje as nossas “peles” tem um valor diferenciado, agora temos o que chamamos de estilo próprio, aquilo que te define, que te destaca das outras pessoas, possui um significado social imenso que abrange todas as áreas sociais.

Médicos usam roupas brancas, para transmitir a sensação de limpeza, e isso minhas amigas, é um fator social inconsciente.

Palestrantes usam roupas um pouco mais formais, que agradam visualmente, para passar a impressão de confiança. Além da postura e a forma de falar, existe uma simetria na modelagem da peça, é o que eu chamo de “geometria modal”.

As “manas”  que representam o streetwear, trazem mais do que um espírito rebelde, elas constroem a cultura local e muitas vezes são as vozes de protesto dentro da sociedade, através da forma como se vestem.

Eu enxergava a costura como uma arte deslumbrante. Contudo, estudando sobre a história da moda e me deparando com frases de estilistas bem sucedidas como Coco Chanel, uma grande inspiradora minha, como por exemplo: “A moda não é uma arte, é um negócio”, minha percepção foi ampliada. Continuo vendo a moda como uma das mais belas artes, mas entendi que vai muito além disso!! 

Me despeço de você com essa citação de Coco Chanel

A moda não é algo que existe apenas nos vestidos. A moda está no céu, na rua, a moda tem a ver com as ideias, a maneira como vivemos, o que está acontecendo.

Espero que você tenha gostado. Até a próxima!

Compartilhe: