Minimalismo está saindo de cena — e a moda voltou a ter o feeling
Por um bom tempo, o mundo da moda falou baixinho. Cores neutras, linhas retas, peças lisas, sem logotipo, sem barulho. A estética da “clean girl” dominou tudo: o feed, as ruas, os closets e até a linguagem visual das grandes grifes. Mas em 2025, essa calmaria começa a dar sinais de cansaço. As roupas, agora, estão falando mais alto — e com mais emoção. As marcas estão abrindo espaço para exageros, brilhos, histórias. E talvez, só talvez, a gente esteja mesmo assistindo ao fim do minimalismo.
O maximalismo voltou — e ele não está pedindo licença
Você já reparou? Plumas, laços, volumes, brilhos, drapeados dramáticos. Tudo está maior, mais ousado, mais teatral. Marcas como Schiaparelli, Marc Jacobs e Richard Quinn não estão apenas rejeitando o minimalismo — estão se livrando dele com coleções que parecem ter saído de um sonho barroco. A vibe agora está em algo como: “mais é mais”. Silhuetas imensas, tecidos que se movem como se tivessem vida própria, acessórios que parecem objetos de arte.
Em pleno Fashion Week, era difícil encontrar sobriedade. As passarelas gritavam cor, textura e excesso — como se a moda estivesse lembrando o mundo de que ela é, acima de tudo, uma forma de sentir.
CHANEL também — mas com elegância
Se marcas exuberantes estão liderando o caos, as grifes tradicionalmente elegantes estão escolhendo o caminho da ousadia sutil. CHANEL, por exemplo, não perdeu sua essência, mas passou a flertar com um visual mais cinematográfico, mais sensual, mais expressivo.
Na coleção Cruise 2025/26, apresentada na mítica Villa d’Este, às margens do Lago de Como, o cenário luxuoso era só o começo. O verdadeiro impacto veio com a narrativa visual: pérolas, luvas longas, lantejoulas, tecidos metálicos e óculos escuros faziam referência direta ao glamour hollywoodiano das décadas de 40 e 50 — mas com um olhar fresco. Os tons pastel se misturavam com cores solares como o ocre, o amarelo e o laranja, criando uma paleta ensolarada e inesperada. O tweed, sempre presente na CHANEL, apareceu mais leve, mais solto, menos formal.
E os detalhes? Bordados de flores inspirados nos jardins da Villa, capas longas, macacões com as costas nuas. Tudo dizia: “a gente ainda é CHANEL, mas queremos um pouco mais.”
Outras casas como Hermès, Dior e Valentino também estão abandonando o silêncio visual, com coleções que apostam em texturas, feminilidade teatral e volumes bem pensados. Não é exagero pelo exagero — é ousadia com sofisticação.
O fim do minimalismo: a era do “caos cool” CHEGOU
Do outro lado da passarela, onde é a cultura jovem, a estética do caos vem ganhando espaço com força. A tal da “messy cool girl” começa a ocupar o lugar da “clean girl” com looks mais carregados, “bagunçadinhos” e espontâneos. A Geração Z, que cresceu sufocada por filtros, curadoria e excesso de perfeição, agora quer exatamente o oposto: looks que sejam reais, que pareçam vividos, que mostrem atitude sem pedir desculpas.
Boom Boom Fashion, indie sleaze, nostalgia dos anos 80/90
Em meio ao excesso, surge também a nostalgia. E não é aquela nostalgia romântica e delicada. É a dos anos 80 e 90, carregada de energia, cores, brilhos, couro e rebeldia. O que os editores chamaram de “Boom Boom Fashion” é exatamente isso: uma explosão estética que mistura clubber, glam rock, e um toque distorcido do que foi considerado “brega” lá atrás.
Então essa onda é também uma forma de escapismo. Em um mundo marcado por crises, colapsos e hiperconexão, a moda está buscando uma forma de celebrar o agora — mesmo que seja exagerando.
O mercado percebeu: o quiet luxury virou fórmula
Inclusive, não foi só o público que se cansou do minimalismo. O mercado também notou. Analistas do Bank of America alertaram que o “quiet luxury” — aquele luxo discreto, sem logotipos, que parecia tão exclusivo — virou fácil de copiar. Logo o que antes era sinal de status virou fórmula de Instagram. Resultado? As marcas estão precisando se reinventar. Voltar a criar desejo, a provocar…. voltar a emocionar.
O novo luxo? É sentir algo
Se há algo que conecta todas essas mudanças — das plumas dramáticas de Marc Jacobs ao romantismo vibrante da CHANEL — é o desejo por sensação. Por roupa que conta história, um look que marca, por estilo que seja único.
A moda de agora quer fugir da neutralidade. Ela quer ser pessoal, expressiva, sensível. Não se trata mais de se vestir bem — mas de vestir quem você é, com todas as suas camadas, brilhos, bagunças e desejos.
Conclusão: estamos sim deixando o minimalismo de lado
Depois de tanto bege, tanto linho, tanto sussurro, a moda resolveu voltar a dançar no meio da sala. Seja com exagero barulhento ou com uma ousadia elegante, as marcas estão fugindo do silêncio. E a gente, que sentia falta de se vestir com emoção, agradece.
Então, se você também está sentindo vontade de ousar um pouco mais — seja numa textura, numa cor ou num detalhe — saiba que está em ótima companhia. A moda voltou a ter o feeling. E isso muda tudo.

